Parlamentares que lideram bancadas na Assembleia Legislativa avaliam o resultado das eleições, as perspectivas do futuro governo e as relações com a oposição no Parlamento. Nesta reportagem, a opinião do PT, PP, PTB, PSDB e DEM.
Líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), Elvino Bohn Gass tem uma convicção: a de que o futuro governo do Estado não será uma usina de crises. “Vamos respeitar a política e isso garantirá, tenho certeza, um relacionamento altivo, apropriado e colaborativo com o Parlamento”. Bohn Gass considera a bancada eleita de seu partido (14 parlamentares) de altíssima qualidade e plural, mesclando experiência e vitalidade. Para ele, o crescimento da esquerda vai equilibrar um pouco as forças no Parlamento. “Minha esperança é de que consigamos fazer um governo que não viverá às turras com a oposição e, ao mesmo, não poderá usar a ‘patrola da maioria’ para impor sua vontade como fizeram alguns dos nossos antecessores”.
Bohn Gass entende que o PT amadureceu muito. “Fui líder no governo Olívio, quando sofremos uma oposição irracional, sistemática, raivosa mesmo. Foi um massacre”. Hoje, segundo ele, superadas as divergências internas, o partido conseguiu dialogar com as forças que formaram a Unidade Popular Pelo Rio Grande. “O governo Lula também nos ensinou bastante”, pondera. Eleito deputado federal, o parlamentar assinala, ainda, como explicação para a excelente performance nas urnas, uma campanha com conteúdo e propostas concretas. “Em nenhum momento agredimos ninguém e oferecemos à população um excelente candidato”.
O Partido Progressista (PP) estava consciente das dificuldades em repetir o número de deputados da eleição passada (eram nove, foram eleitos sete), explica o líder João Fischer, o Fixinha. “Não estávamos coligados com nenhum partido, outros estavam reticentes em relação às votações de nossos candidatos em eleições anteriores”, reconhece.
Com relação à composição da futura base de apoio ao novo governo, Fixinha enfatiza que seu partido esteve ao lado da governadora Yeda Crusius, candidata derrotada, e que o recado das urnas é claro em colocá-los na oposição. “Defendo o pragmatismo, em primeiro lugar. Não tem como alguém que defende a livre iniciativa e princípios como o direito a propriedade, sentar com pessoas que muitas vezes defendem o contrário. Mas tudo isto deve ser avaliado. Acredito que fomos eleitos para ser oposição, o que não quer dizer que seremos uma oposição radical, criando problemas sem justificativas. Não é da nossa índole. Vamos agir com responsabilidade”, afirma. “Se você foi eleito para ser oposição não deve aceitar ser seduzido por um canto de sereia. Não precisa se dobrar em troca de alguma benesse”.
Governabilidade
Aloísio Classmann, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), avalia que seu partido se saiu bem, elevando em um deputado o número de sua bancada na Casa (tinha cinco, elegeu seis). “Era nossa perspectiva”, resume. Explica que, historicamente, o PTB se norteou pela governabilidade, aprovando projetos importantes para o estado. “Não nos reunimos ainda mas cabe ressaltar que, em nenhum momento, nosso partido votou contra os interesses do Rio Grande do Sul. Acredito que deveremos agir desta forma nos próximos quatro anos. Nada de radicalismos, vamos ajudar a construir alternativas de melhorias a qualidade de vida de nossa gente”.
Classman diz que Tarso merece ser cumprimentado, foi eleito por uma grande maioria e isto precisa ser respeitado. “Não podemos ir na contramão deste projeto. Nesta linha acredito que poderemos ajudar a construir uma governabilidade quando se tratar de questões que ajudem a melhorar a vida da população”.
Paulo Borges, do Democratas (DEM), aponta que, apesar da queda na votação do partido e redução da bancada (tinha três, elegeu apenas um), a situação não muda. “O importante é que mantivemos a representatividade na Casa”, diz. Segundo ele, o fraco desempenho do partido nas urnas é resultado da ausência de seus integrantes em todos os níveis de governo – seja federal, estadual ou municipal. “Optamos por isso em nome da nossa ética e responsabilidade, do compromisso que assumimos em 2006. Ficamos sem cargos nos governos – e quem tem cargo tem cabos eleitorais, então perdemos poder nas eleições. Mas, pelo menos, podemos dormir com a consciência tranquila”.
O parlamentar diz que continuará atuando da mesmo forma e que, “por incrível que possa parecer”, segundo palavras suas, o relacionamento com o futuro governador será melhor do que com a atual governadora, com quem compunham com a vice governança. “O fato de ter mudado o governo não faz diferença para nós, continuaremos apoiando projetos que forem bons para as pessoas e criticando o aqueles com os quais não concordamos. Acho que não teremos dificuldades. Seremos uma oposição construtiva”.
Oposição
A líder da bancada do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Zilá Breitenbach, acredita que o partido poderia ter tido resultado melhor e feito uma bancada ainda maior, embora tenha conseguido aumentar uma cadeira em relação à eleição passada (de quatro para cinco) “Vários foram os fatores que dificultaram nossa situação, entre eles o resultado da votação da nossa chapa majoritária”, avalia. “Além disso, acho que tivemos um número excessivo de candidatos, muitos com votação abaixo do esperado. No geral, porém, a avaliação é positiva, houve esforço por parte de todos e conseguimos crescer um pouco, embora menos do que esperávamos”.
Com relação à composição do futuro governo e suas relações com a Casa, a líder dos tucanos diz que o partido irá aguardar para ver como irá se posicionar. “É certo que seremos oposição, vamos tentar compor com aqueles que não aderirem ao governo e formar uma oposição responsável”.