Após três mandatos como deputado da oposição, Raul Pont (PT) assumirá a próxima Legislatura ao lado da administração estadual. “Será a primeira vez, porque, no período em que o Olívio (Dutra) governou, eu era prefeito de Porto Alegre, não tinha um mandato na Assembleia Legislativa”, explica o parlamentar. Ele assegura, porém, que isso não deverá alterar a essência do seu trabalho. “Mesmo na oposição, nunca fizemos propostas inexequíveis, demagógicas ou impossíveis de serem levadas a cabo”, diz ele. “Tivemos o cuidado de ter bem presente que aquilo que se faz como oposição tem que se ter condições de realizar como situação”, explica.
Além de ver o Partido dos Trabalhadores novamente no comando do Executivo, o parlamentar encontrará na próxima legislatura uma bancada maior no Legislativo: de dez deputados, passa para 14 no próximo quadriênio. “O crescimento foi muito importante”, avalia Pont. “Iniciamos em 1986 com quatro deputados, e isso demonstra que vem se consolidando uma representação do Partido dos Trabalhadores, fruto de uma relação mais realizada, mais profunda com a sociedade gaúcha”, acrescenta. “Faremos um esforço grande aqui na Assembleia para garantir governabilidade ao governador Tarso Genro; tentaremos construir um bloco de maioria ou, no mínimo, chegar quase à metade”.
Próximo mandato
Uma série de assuntos que já preocupavam o parlamentar continuarão a merecer sua atenção no próximo mandato. Entre esses está o compromisso com o cumprimento dos mínimos constitucionais a serem aplicados em saúde e educação, tema muito cobrado pelo PT nos últimos quatro anos e do qual, segundo Pont, o partido não pretende se abster. “Depois de vários anos de não-cumprimento desse mínimo constitucional, será muito difícil já no primeiro ano alcançá-lo, mas vamos fazer todo o esforço para que já neste orçamento que herdamos possamos tomar medidas que permitam nos aproximarmos de novo e perseguirmos os 12% na saúde e os 35% na educação”, diz o deputado.
Também a situação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e a renúncia fiscal deverão fazer parte dos embates do parlamentar. Sobre a UERGS, afirma que o governo tem o compromisso de garantir que ela funcione. Quanto às renúncias fiscais, diz que elas são exageradas. “Temos que tornar o Estado um estimulador do crescimento econômico e isso não significa que só haja o caminho da renúncia fiscal”, sustenta. “Tem de haver crédito abundante, financiamento para as atividades produtivas, financiamento com juros baixos ou até juros subsidiados, isso é muito mais eficiente, muito melhor do que abrir mão de receita e conceder privilégio para uma ou outra empresa”, diz ele.
Trajetória
Raul Pont nasceu no dia 14 de maio de 1944, em Uruguaiana. Iniciou a militância política ainda na juventude, no movimento estudantil da UFRGS, onde cursou Ciências Econômicas e História. É autor de livros e artigos publicados em pelo menos quatro países: Brasil, Alemanha, Inglaterra e Itália. Lecionou em escolas, universidades e cursos pré-vestibulares e supletivos no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Em 1975 e 1976, fez pós-graduação em Ciências Políticas na Unicamp. Foi perseguido e preso pela ditadura militar.
O parlamentar atuou no movimento sindical bancário e no Sindicato dos Professores (Sinpro) e foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Também foi deputado federal (1991-1992), três vezes deputado estadual (eleito em 1987, 2002 e 2006), vice-prefeito (de 1993 a 1996) e prefeito de Porto Alegre (de 1997 a 2000). Hoje é deputado estadual e presidente do PT/RS. Ele é casado com Liliane e pai de duas jovens, Clarissa e Sílvia.
Votação
O deputado foi eleito para o quarto mandato com 65.430 votos distribuídos em 318 municípios. A maior parte dos votos concentrou-se na Região Metropolitana: 43.968 em Porto Alegre, 1.792 em Viamão, 1.777 em Esteio, 1.524 em Canoas, 814 em Guaíba e 652 em Cachoeirinha. Também obteve boa votação em Caxias do Sul (857 votos). Foi o segundo deputado mais votado do PT, ficando atrás apenas de Edegar Pretto, e o oitavo no cômputo geral.