O deputado eleito Alceu Barbosa Velho (PDT) chega pela primeira vez ao Parlamento estadual aos 53 anos. Natural de São José dos Ausentes, cresceu numa pequena propriedade rural e, aos 19 anos, mudou-se para Caxias do Sul para cursar Direito. Ali, depois de construir carreira como advogado e se tornar uma liderança da subseção da OAB, elegeu-se vereador por duas legislaturas (1996 e 2000) e depois foi duas vezes vice-prefeito (2004 e 2008), em parceria com o prefeito José Ivo Sartori (PMDB). Dos 43.120 votos conquistados para o Parlamento estadual, 33.517 foram obtidos em Caxias do Sul.
Para ele, o trabalho realizado durante sua vida pública conquistou a confiança dos eleitores para que o encaminhassem à Assembleia. “A administração de Caxias, a criação de uma Caxias diferenciada, de uma Caxias que cresce, que progride, que evolui, as grandes obras que estamos fazendo no município, também com certeza foram decisivas para essa votação”, sustenta o futuro parlamentar.
Acredita que sua ligação com o tradicionalismo também foi importante para a sua eleição. “Eu sempre brinco que tenho dois partidos: o PDT e o Partido da Bombacha”, conta. O político é ele próprio um praticante do tiro de laço e participa das provas. Numa delas, chamada Laço Executivo, que é promovida pelo MTG e reúne prefeitos e vice-prefeitos, já foi campeão duas vezes.
Pedágios
Uma das principais bandeiras que defenderá no Parlamento será um novo modelo para os pedágios. “Isso aí que existe no Rio Grande do Sul: está tudo errado. Quando terminar, em 2013, tem que zerar tudo e partir para um novo modelo”, avalia. O formato que ele defende é o do pedágio comunitário, no qual o Estado é o chefe. Isso porque o poder público não visa o lucro e portanto não vai onerar o contribuinte. Cobrará apenas o necessário para se manter.
Ele lembra que, quando o Rio Grande do Sul se preparava para assinar os contratos com as concessionárias, em 1997, ele leu os documentos e “ficou arrepiado”. “Os preços eram muito altos, os trechos concedidos eram curtos. E as concessionárias não investiram um centavo do seu bolso. Pegaram o dinheiro para realizar as obras em bancos, o que é muito caro”, detalha. Além disso, a estrada concedida entre Caxias e Farroupilha foi construída pelo estado antes de ser repassada à iniciativa privada. “Quem não ia querer um negócio como esse?”, questiona.
Na época, era vereador em Caxias do Sul e apresentou uma moção de repúdio aos pedágios que teve grande repercussão. Logo depois, fundou a Associação dos Usuários de Rodovias Concedidas (Assurcon) que, segundo ele, tem desempenhado um papel muito importante na defesa dos cidadãos e contribuiu para impedir a prorrogação dos contratos em 2008.
Queimadas
Outro tema que pretende abordar é o das queimadas e roçadas na região dos Campos de Cima da Serra. Ele acredita que a discussão sobre o assunto precisa ser feita sem fanatismo. Pretende trazer dados científicos para embasar a reflexão sobre o que pode e o que não pode ser feito na região. Ele acredita que deve ser permitida a queimada, desde que controlada. Barbosa Velho é hoje produtor rural no município de Muitos Capões, perto de Vacaria, e diz que os pequenos produtores sofrem com essa questão. “Hoje se diz que não pode nada. Nós queremos ser mediadores da questão: nem tanto ao céu, nem tanto à terra”, defende.
Votação
Além dos 33.517 votos conquistados em Caxias do Sul, também teve votação expressiva em Flores da Cunha (1.911), São Marcos (1.431), Bom Jesus (778) e Farroupilha (590).